Cannabis para viajar: aeroporto pode se tornar pioneiro na venda de maconha com objetivo de reduzir medo de voar

Algumas notícias vindas do Canadá ligadas ao uso da maconha surgiram no noticiário nesta semana. A principal delas veio da província do Quebec, que decidiu proibir a venda de álcool e da erva (cujo uso recreativo é liberado desde 2018 — ou seja, quem quiser fumar pode fumar de boa) para quem não comprovasse a vacinação contra a Covid-19. Resultado? As taxas de vacinação quadruplicaram já no dia seguinte. Outra notícia relacionada ao tema foi mais divulgada por sites sobre aviação: o interesse de uma empresa local de vender maconha dentro do aeroporto de Prince George, cidade na região da Colúmbia Britânica, no oeste do país. A meta? Comercializar o produto para pessoas com algum tipo de ansiedade ou medo de voar. A cidade tem 75 mil habitantes e por seu aeroporto passavam 500 mil passageiros por ano antes da pandemia, mais do que movimentados aeroportos regionais brasileiros no mesmo período, como Joinville, Petrolina e Santarém. Prince George tem operações de diversas empresas grandes, com a Air Canada e a Westjet, além de outras menores como a Central Mountain Air e a Pacific Coastal Airlines.

 
 

As autoridades do aeroporto receberam o pedido de licença comercial da empresa Copilot para abrir uma loja no local ainda em 2022. Se for aprovado, será um negócio pioneiro em aeroportos, afirma a rede de TV CTV News Vancouver. Gordon Duke, CEO do aeroporto, declarou que a proposta já está de acordo com as leis regionais e nacionais, faltando apenas algumas etapas burocráticas. Segundo a Copilot, a ideia é transformar as viagens aéreas menos traumáticas para quem sofre de algum grau de aerofobia. A loja está prevista para ocupar um espaço na área de acesso irrestrito, ou seja, qualquer pessoa poderá comprar, caso seja de fato aprovada, conforme esperado. A proposta inclui a designação de áreas específicas para o fumo.

Se o voo for doméstico, o passageiro poderá inclusive levar o produto na bagagem, contanto que não ultrapasse as trinta gramas permitidas por lei para cada pessoa. Já o transporte para o exterior segue proibido. A maioria das regiões canadenses permite o consumo de maconha a partir dos 19 anos (idade que cai para 18 anos em Alberta e 17 anos no Quebec).

 

Cannabis Day em 2014. Crédito: GoToVan/ Wikimedia Commons

 

E o que acham os seguidores do rivotravel no instagram? A maioria apoia a iniciativa. “Tendo vivido no Canadá por nove anos e presenciado alguns avanços sociais pioneiros, como a legalização do casamento homoafetivo em 2005, esse incrível país não para de me surpreender”, afirma o engenheiro Anderson Araújo, que chegou a fazer uso da planta para fins medicinais pra tratamento de enxaqueca crônica e insônia no país. “Acredito que a liberação para a venda de maconha em aeroportos para passageiros que tem medo de voar será um outro grande avanço do país em termos de bem estar e liberdades individuais, uma vez que iria proporcionar uma melhor experiência aos passageiros que têm pânico de viajar, o que se traduziria em uma melhor qualidade de vida”, afirma o panicado.

A gestora de projetos Raquel Vicente afirma nunca ter usado a erva antes de voos. “Não sei se seria útil (para mim) pois nunca usei em viagem de avião. Infelizmente, maconha me deixa na “bad” em qualquer momento. Mas sei de amigos que usam para dormir e em viagens e ficam calmos. Eu também nunca bebi para viajar porque tenho receio de ficar muito agitada, dar bafão e ser expulsa”, diz.

Empresária no ramo de eventos, Vanessa Luna já recorreu a algumas medicações ansiolíticas para tirar a ansiedade e tornar menos estressante a experiência de voar. Ela afirma que não gosta de tomar remédios e quando a maconha para uso medicinal foi aprovada na Flórida, onde mora, ela viu como uma possível luz no fim do túnel para acabar com o tormento que a persegue desde a primeira viagem pelos céus, aos 13 anos. “Comecei a pesquisar sobre o uso de CBD (canabidiol) para me ajudar a viajar mais e melhor e me parece ser a melhor opção, visto que é um componente 100% natural e não irá conter as misturas que são usadas para se fumar”, diz, fazendo referência à substância extraída da planta Cannabis e que é usada no tratamento de diversos males, com eficácia comprovada. Vanessa diz ainda que precisa antes perguntar ao médico se está apta a usar. “Estou muito ansiosa para conseguir usar, de maneira segura e legalizada, é claro, e assim poder me sentir mais calma e livre para viajar melhor!”, afirma.

Ta aí uma boa sugestão de matéria pro site: uso de canabidiol para controlar a ansiedade. Prós? Contras? No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou a venda de produtos à base de maconha para uso medicinal no fim de 2020. Opinião do rivotravel: aos poucos o Brasil vai dando pequenos passos rumo a uma nação desenvolvida. Pelo menos em relação a algumas liberdades individuais.

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