E aí, fez boa viagem? #01

Olá, panicadas e panicados, como vão vocês? Como vai esse medo de voar? Alguma viagem de avião à vista?

Estava eu aqui reparando que, apesar de já ter muitas matérias que versam sobre esse nosso mal comum, o rivotravel não tinha — pelo menos não até agora — um relato sobre como eu me comporto em um voo. Ok, eu estava há quase dois anos sem colocar os pés em um avião, então não tinha como descrever um viagem panicada nesses 18 meses de vida do site.

Vamos nessa? Quem sabe você não se identifica com algo, pelo menos um pouquinho.

 
A vontade é de responder o título desse texto com um sonoro NÃO!

A vontade é de responder o título desse texto com um sonoro NÃO!

 

Ok, a quem quero enganar? Não há muitos registros e não me lembro muitas coisas desse voo que fiz agora em outubro de 2018, Brasília – Salvador (o voo da ida foi recheadinho de stories no insta. Aliás, vocês já seguem a @rivotravel por lá? Os stories que eu falei ainda podem ser visto em “destaques”).

 
É só ir no Instagram, abrir a câmera que grava stories, apontar para esta imagem e segurar com o dedo em cima do “quadrado”. Voilà!

É só ir no Instagram, abrir a câmera que grava stories, apontar para esta imagem e segurar com o dedo em cima do “quadrado”. Voilà!

 

Mas caaaalma, nada de abandonar esse relato sincero! Explico agora alguns fatores que levam para a pobreza de relatos e registros audiovisuais. Quem sabe assim vocês me perdoam e dão um crédito.

1) Geralmente estou grogue nas viagens, o que diminui muito a chance de lembrar do voo. Eu realmente tenho apenas lapsos de memória quando estou em um avião;

2) Eu disse grogue? Pois triplique a dosagem desse remedio ansiolítico e me deixe muito, muito, mas muito grogue (meninas e meninos, medicação é coisa séria, não se automediquem. Busquem ajuda de um psiquiatra, chorem suas pitangas e, se for o caso, saiam do consultório com a receita de um lindo medicamento — lembrando que já escrevi sobre ajuda médica aqui);

Um adendo: mas Salvatore, você continua com pânico mesmo com o remédio sossega leão? Sim. Alguns motivos: não sou louco de ultrapassar a dose recomendada (já fiz isso, e ainda por cima misturando com álcool para piorar. Não indico. Além de ser perigoso para a saúde, pode levar a micos como esse aqui).

Bem, recapitulando. Então até agora eu disse que fico um morto muito louco nos aviões, o que me impede de contar histórias mais detalhadas. Para piorar, some isso a:

3) Meu celular manifestou o espírito ragatanga (sim, tenho 36 anos) e começou a dar uns problemas para gravar vídeos. Ainda bem que o aparelho novo da sobrinha que viajou comigo estava OK e deu para fazer um mísero video e umas fotos;

4) Gravar áudio em avião é terrível. O barulho das turbinas é captado em sua máxima potência, então tudo que a pessoa fala fica meio inaudível (hummm, colocar legendas… que tal, editor? *Nota do editor: hmmmm não). Uma solução que adotei no stories no voo de ida (Salvador – Brasília) foi usar o microfone do fone de ouvido do celular e ficar segurando-o perto da boca. Mas acho que dá um ar meio tosco (apesar do resultado ter sido excelente). Fica parecendo aqueles vídeos de ASMR que são mania mundial. Aliás, vocês já viram ASMR? São vídeos nos quais alguém fica fazendo barulhinhos e falando baixinho. Em teoria é para relaxar. Eu acho apenas meio bizarro, mas quem sou eu pra julgar o que cada um faz para se acalmar, não é mesmo?

Bem, os motivos foram apresentados. Vamos agora à patética cena do meu comportamento meio estranho na decolagem do voo de volta.

 
 

Então, a primeira coisa a notar é: O MOÇO DA FRENTE DECOLOU COM A POLTRONA MEIO DEITADA! SE TIVER UM ACIDENTE ISSO PODE DIFICULTAR A SAÍDA DOS PASSAGEIROS DA AERONAVE!

Brinks, claro que não é isso o mais bisonho.

Sim, eu estava rezando (sou ateu, mas nessas horas evoco o Pai Nosso. Evito a Ave, Maria pela parte do “agora e na hora de nossa morte”. Sério). Essa é a parte sagrada do meu ritual de decolagem. Como sou baiano e aqui no Estado toda manifestação religiosa tem seu lado profano, do mundo, eu alterno a reza forte com a seguinte imagem mental: começo a me pensar como um ser alado, que à medida que o avião vai ganhando velocidade na pista, vai batendo as próprias asas, cheias de penas, e voando. É como se eu e o avião virássemos uma coisa só. Uma coisa, assim, filosofia barata encontra os X-Men.

Ah, talvez vocês não tenham reparado no vídeo, mas esse vatapá de loucuras ocorre simultaneamente a um mascar ritmado de chiclete (vocês também têm horríveis dores de ouvido na decolagem e pouso? Sério, parece que estão derretendo cera quente dentro do meu cérebro. E o chiclete ajuda a diminuir o tormento).

Outra coisa que me chamou a atenção agora é que todo esse bizarro truque para enganar o cérebro é feito em uma espécie de caverninha com as mãos, dentro da qual enfio o rosto. Nunca tinha racionalizado sobre isso (aliás, nunca tinha percebido), mas acho que tem a ver com criar um ambiente seguro. Tem uma explicação psicológica por trás disso. Vi um filme milênios atrás no qual, em uma momento de tensão, a garotinha era estimulada a criar um espaço invisível de proteção usando os braços. Dá certo, acreditem.

Revendo as imagens, acho engraçado como minha cabeça fica perto da cabeça do passageiro da frente, em uma intimidade forçada da qual a outra pessoa sequer se dá conta (aliás, editor, dá para colocar um aviãozinho ou um remedinho no rosto do moço, por motivos de responsabilidade jurídica? Grato. *Nota do editor: mal dá pra ver o rapaz!).

 
Meu pedacinho de chão, só que no céu

Meu pedacinho de chão, só que no céu

 

Para finalizar esse texto, coloco aqui fotos de minha ida ao banheiro (calma, sem escatologias, por favor). Como já comentei por alto em algum texto que só Deus sabe qual é aqui do site, eu, quando me sinto ansioso durante o voo, me tranco no banheiro, mantenho a coluna ereta e respiro profundamente (ok, essa parte não é lá muito agradável naquele ambiente, mas paciência). Pensando agora, acho que tem a ver com o tal ambiente seguro que a mente cria. Sei lá, o banheiro é pequenininho (o que pode ser horrível para mim, a depender da situação — tenho 1,86m). Acho que remete a um ambiente acolhedor. Ao útero de mãe (meu Deus, tenho de levar isso pra terapia?). Pena que não dá para ficar trancadinho no banheiro na decolagem (fase mais crítica de meu pânico). Seria meu sonho. Se eu simular um problema intestinal será que as aeromoças deixam? A conferir.

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