Há luz no fim da saída de emergência!

Credo! Vocês viram que esta semana teve acidente de avião no México? Não sei o que mais me impressionou: se foi o vídeo (pois é, teve passageiro filmando…) ou se o fato de que todas as 103 pessoas se salvaram. 

Vamos por partes, uma vez que ninguém tem a obrigação de ser mega informado. Um avião da companhia Aeroméxico (Embraer 190, modelo de fabricação brasileira) sofreu um acidente na terça-feira (31 de julho de 2018) logo após decolar (ou melhor, tentar decolar) do aeroporto Internacional Guadalupe Victoria, em Durango, no norte do país, com destino à capital mexicana.  O voo do Embraer 190, que é muito usado aqui no Brasil pela Azul, deveria ter durado 1h20. Mas nem chegou a acontecer. 

 
O Voo AM2431 da Aeroméxico sofreu um acidente sem vítimas em Durango, México, logo após a decolagem (Fonte: @ENEL_AIRE/TWITTER)

O Voo AM2431 da Aeroméxico sofreu um acidente sem vítimas em Durango, México, logo após a decolagem (Fonte: @ENEL_AIRE/TWITTER)

 

O governador de Durango, Jose Aispuro, afirmou à imprensa que o piloto tentou abortar a decolagem, mas que foi tarde demais  — na decolagem, existe um exato momento em que abortar a decolagem deixa de ser seguro, e isso depende de inúmeras variáveis, como ventos, velocidade, peso da aeronave etc. O Embraer, que transportava 99 passageiros e quatro tripulantes, caiu logo depois do fim da pista. A perícia ainda não apontou as causas do acidente, mas chovia forte na hora do desastre. 

“No embarque estava tudo bem. Até o tempo estava bom. Quando todos estavam dentro do avião, o tempo começou a mudar (…). O vento estava forte. O avião começou a se movimentar, pegou velocidade e decolou. Então começou a descer, bateu no solo e os motores explodiram”, disse ao portal brasileiro G1 um dos sobrevivente.

Claro que eu vi e revi o vídeo várias vezes. Amo relato de acidentes, e quando é assim “fresquinho”, in loco, sem ser reconstituição de programa de TV, tudo isso me deixa ainda mais animado. Sim, é meio freak/masoquista — uma pessoa com pânico de voar vendo esse material (já teve até matéria assim no Rivotravel, clique aqui para ler) —, mas fazer o quê? É o meu jeitinho. Aliás, essa “onda” de vídeos reais, de dentro do acidente, já existe há alguns anos, e certamente ganhou força com a popularização dos smartphones. Qual será a última fronteira a ser cruzada? Entrada ao vivo pelo Instagram (alguém já deve ter feito isso, certeza)?

 

Passageiro embarcado na aeronave da Aeroméxico captura momento da queda (Fonte: NBC News)

 

Mas enfim, o que eu queria dizer nem era isso (eu e minhas fugas de foco…). O ponto é que, obviamente, comecei a ler loucamente sobre o acidente. E, a partir do relato de especialistas em segurança de voo, notei algo que nunca havia me tocado: apesar de ser uma das fases mais críticas de um voo (junto com o pouso), a decolagem também oferece um alto percentual de chances de sobreviver a um acidente, uma vez que o avião está perto do solo e em uma velocidade relativamente baixa. É por isso que é muito importante prestar a atenção aos procedimentos de segurança apresentados logo que o embarque é finalizado e localizar a saída de emergência mais próxima. É nessa hora também que os comissários de bordo fazem checagens de que os corredores e passagens estão livres, sem bolsas, assentos reclinados ou outros obstáculos atrapalhando a movimentação. 

No caso do acidente mexicano, houve incêndio (tanto é que algumas pessoas sofreram queimaduras) ocasionado pelo combustível estocado nos tanques do avião. Mas todas as aeronaves são projetadas para uma total evacuação em até 90 segundos, usando os chamados “escorregadores”, estruturas infláveis (e feitas em material não-inflamável!) sobre as quais os passageiros e tripulantes deslizam até chegar ao solo. Essa meta de um minuto e meio é usada para determinar quantas saídas o avião terá e até mesmo o número de tripulantes necessários para auxiliar em caso de emergência. 

O engenheiro aeroespacial e ex-tenente da Força Aérea Brasileira Shailon Ian declarou ao portal UOL que o tempo máximo de 90 segundos foi determinado após diversos estudos científicos sobre sobrevivência em acidentes aeronáuticos. "É o tempo que, a partir de uma ignição, o fogo demora para chegar dentro da cabine. Uma evacuação dentro desse prazo dá mais chance de sobrevivência. Se demorar mais do que isso, alguma vida pode ser perdida", disse o engenheiro aeroespacial.

 
Gente, sobreviver é possível. Mas calma que dar algo errado já é por si só muito improvável

Gente, sobreviver é possível. Mas calma que dar algo errado já é por si só muito improvável

 

Além disso, é bom lembrar, a tecnologia avança a passos largos a cada ano, e voar continua sendo uma maneira super segura de viajar (mas é claro que eu e você esquecemos disso quando estamos prestes a entrar em um avião, não é mesmo?). Ou seja, na hora de embarcar, vale tudo: reza, promessa, superstição. Mas uma coisa temos de ter em mente: mesmo que o avião caia (o que é muuuito raro), a probabilidade de sair com vida é alta. E, quem sabe, a depender do sangue frio, ainda fazer uma selfie — uma coisa um tanto quanto bizarra (e perigosa), mas quem sou eu pra julgar?

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