Nove clipes musicais que abordam a experiência de voar

Olá, panicadas, panicados e simpatizantes, como vão? Nesse tempo de quarentena, isolamento e afins, muita gente tem buscado na música um refúgio para o dia a dia. E já que o número de viagens caiu, que tal unir uma coisa a outra e viajar em clipes que se passam em parte ou totalmente em aviões e aeroportos?

 
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A seleção que o rivotravel fez tem de tudo: clipe que trata da experiência de voar com humor, com aflição, que inspira paixão, além da vontade de sair dançando rumo ao nosso próximo destino (pós-pandemia, né?). Vamos conferir a lista!

1. “Learn to fly” — surfaces, elton john

 
 

Vamos começar com aqueles que estão acabando de sair do forninho! No final de junho, o Surfaces, duo norte-americano formado por Forrest Frank and Colin Padalecki, lançou Learn to Fly (Aprenda a Voar, em tradução livre), em parceria com ninguém menos que Elton John. A música e o clipe foram gravados em época de pandemia, então nada melhor que uma boa animação para ilustrar a canção, não é mesmo? E ela é bem fofinha e mostra uns perrengues que quem anda de avião bem sabe, como o aperto com o pouco espaço para as pernas, dormir no ombro da pessoa ao lado (seja ela conhecida ou não) e até ter o café derramado no colo porque o colega da frente reclinou o assento de forma brusca (eu sempre me viro e aviso que vou reclinar o encosto da poltrona, acho uma atitude sensata). No vídeo tem até uma passageira com uma camisa brasileira. Na cabine de comando, um grande piano domina o lugar onde encontraríamos normalmente o manche e os controles. O clipe é super LGBT friendly. No fim, uma grande ode à união dos povos.

2. “learn to fly” — Foo fighters

 
 

Curiosamente, outra canção intitulada Learn to Fly aqui nessa seleção. Dessa vez é da banda Foo FIghters, só que essa foi lançada em 1999 como primeiro single do álbum There is Nothing Left to Lose. Essa certamente você já ouviu, é bem famosa. Para quem gosta de uma historinha contada em três ou quatro minutos de duração o clipe do Foo Fighters é uma ótima pedida (ele ganhou o prêmio de melhor clipe no Grammy 2001). Com um bônus: os integrantes do grupo interpretam vários personagens simultaneamente – tem até uma participação rápida do comediante Jack Black, que faz parte da equipe de solo e “esquece” uma “droga do amor” dentro da cafeteira da aeronave. Tem uma estética bem fim dos anos 1990. Rolam também coisas que deveriam ficar para trás, como gordofobia. A inspiração para o clipe teria vindo do filme Apertem os cintos…o piloto sumiu (que inclusive é tema dessa matéria aqui no rivotravel).

A letra de Learn to Fly gira em torno de voar. “Estou procurando no céu algo pra me salvar. Procurando um sinal de vida. Procurando algo para me ajudar a acender o brilho”. E a gente fugindo dos céus, minha gente! Será que a resposta está justamente nele?

3. “Let it happen” — TAME IMPALA

 
 

Em 2015, o projeto musical australiano Tame Impala, liderado pelo multi- instrumentista Kevin Parker, lançou Let it Happen, que inclusive integrou esta matéria aqui do site. O clipe se passa entre um hotel, um aeroporto, um avião e a imaginação do personagem. Pra começar, ele já chega todo esbaforido na sala de embarque (quem nunca, né?). Do nada, começa a passar mal e desmaia (eita que o negócio é sério. Já tentou terapia, moço?). Do nada, ele está a bordo, voando (será que o roteirista bebeu do café lá do clipe do Foo Fighters?). A onda bateu forte no panicado, que passa a ver coisas estranhas. De repente, o avião começa a cair, mas ninguém parece ligar muito. No fim, pergunto: era tudo fantasia de uma pessoa inconsciente no chão do aeroporto? Ou visões alucinantes de alguém que, credo, morreu em um acidente aéreo? Ou o passageiro nem saiu do quarto do hotel? O videoclipe é pura aflição, mas enquanto o bicho pega no video a banda canta “deixa rolar, deixa rolar, vai ser tão bom”. Eu, hein?

O sofrimento é real?

4. “con altura” — ROSALIA

 
 

La Rosalia! Não conhecia essa maravilhosa cantora espanhola (Rosalia…caprichem na pronuncia espanhol….rrrrozalíía) até o editor deste site aparecer com o clipe de Con Altura, em julho do ano passado. Pronto, viciei no clipe, na música, na artista, em tudo. Foi até tema de matéria aqui no rivotravel. Que vontade de embarcar nesse 747 e cair na balada lá em cima com Rosalia y sus amigos. Eu realmente amo a direção de arte de Con Altura, um chique-pop-brega-over incrível. 

5. “Break my heart” — DUA LIPA

 
 

O clipe de Break my Heart não é totalmente em torno do universo aeronáutico, mas gente, é Dua Lipa (competentíssima e fofa!), é desse ano (março), a música tem uma levada ótima, então não tinha como ficar de fora dessa lista. Na letra, ela se pergunta se deveria ter ficado em casa — aposto que esse questionamento ronda a cabeça de muitas panicadas e panicados antes de voos, não? Mas seguir em frente é a melhor opção, e ela vai. O avião no qual Dua Lipa embarca tem um ar retrô. Ela pega logo o assento do meio e fica espremida, coitada. E eis que a fuselagem se parte, mas o avião miraculosamente não cai e ela continua bela, cantando. Seria uma lição pra vida? “Tocar a vida” mesmo que tudo pareça estar desmoronando?

6. “Upside down & inside out” — OK GO

 
 

A OK GO ficou famosa do público em parte pelos clipes maravilhosos que faz. Em Upside Down & Inside Out eles pegaram as loucuras e jogaram pro alto. Foram gravar o clipe em gravidade zero. Como não dá para ir pro espaço assim fácil — e fazer da forma mais fácil (computação gráfica) não estava na lista de opções deles —, recorreram então a uma técnica que a revista SUPER Interessante explica: “Para conseguir filmar em gravidade zero (sem apelar para cabos ou efeitos especiais), os músicos se aproveitaram de um fenômeno conhecido como ‘vômito de cometa’. A ação ocorre quando o avião forma uma parábola, subindo com uma inclinação de 45° e depois de conseguir altitude suficiente (cerca de 10 mil metros) , joga seu nariz para baixo, deixando o nariz da aeronave em paralelo à terra. Isso faz com que a força centrífuga cancele os efeitos da gravidade, ou seja, deixando tudo flutuando. A ação dura alguns segundos, e o avião volta a cair em uma inclinação de 30º, e quando ele atinge 7 mil metros de altura é possível deixa-lo novamente a 45º e repetir tudo”. Coisa de louco, né? O vocalista da banda, Damian Kulash, deu uma entrevista ao site do Red Bull. “ Tínhamos entre 25 e 30 pessoas em a bordo, e durante os 20 vôos que fizemos no processo, acho que 58 pessoas vomitaram. Uma média de duas ou três por vôo”. O clipe é maravilhoso e cheio de surpresas, ainda mais sabendo como foi feito. Depois recomendamos dar o play também no making of (clica aqui) — impossível assistir a esse clipe tão impressionante sem querer saber depois como foi gravado!

7. “beautiful day” — U2

 
 

Beautiful Day é de 2000. Quando saiu, a comoção foi geral. “Uouuu, o U2 fechou um aeroporto só para poder gravar o clipe” (nada menos que o Charles de Gaulle, o principal de Paris e um dos mais movimentados do mundo). Foi algo como Beyonce “fechando” o museu do Louvre para gravar Apeshit em 2018: sinal de poder. Já no começo de Beautiful Day vemos um “Jumbo 747 cruzando uma ponte”. Mas nada mais é, na verdade, que um avião taxiando normalmente e uma passagem subterrânea para carros, muito comum em muitas cidades, Brasília entre elas. As gravações já têm 20 anos, mas a arquitetura do Charles de Gaulle parece bem contemporânea e atualizada. Vemos a banda passando pelo sistema de segurança e raio-X de forma bem simples e rápida — hoje, no mundo pós-11 de setembro, isso seria no mínimo revisto para não parecer tão inverossímil. A sala de embarque? Vazia! Um sonho. Corta para o meio da pista, com os instrumentos posicionados em cima de chiques tapetes e aviões pousando e decolando, tirando um “fino” dos músicos. Dá pra reconhecer de relance um avião da MEA – Middel East Airlines, do Líbano. Para finalizar, o vocalista Bono Vox correndo pela pista, livre, leve e solto. Outro sonho meu…

8. “take a picture” — FILTER 

 
 

O clipe Take a Picture dos americanos da Filter se passa “em alto mar”, onde vemos um avião de pequeno porte boiando após o que se supõe ser um acidente aéreo. A banda toca em cima dos destroços e o vocalista aparece cantando enquanto boia na superfície da água. Paradoxalmente, a música fala de uma pessoa que se sente bem, se sente completamente viva em seu avião. Freud explica… 

9. “toxic” — BRITNEY SPEARS

 
 

E a minha amada princesinha do pop não poderia ficar de fora, não é mesmo? Curiosamente, acho que, de todas as inúmeras canções que ela já gravou, a que eu menos gosto é Toxic — e é uma das favoritas do público, inclusive de quem não gosta tanto do estilo. O clipe de Toxic tem uma pegada meio Blade Renner estilizado, meio filmes de John Woo, e traz Britney como uma aeromoça- espiã que se “atraca” aos beijos com um passageiro no banheiro minúsculo (isso inclusive é fetiche sexual de muitos, vai entender…). O avião é futurista e contrasta com o ar meio retrô do uniforme da cantora, com direito a um grande decote (o que devem pensar as feministas? Ok que o ano era 2004 e muita coisa mudou de lá pra cá). No fim, depois de toda a espionagem em solo, vemos Britney plácida, de volta aos céus, e o avião se distanciando em direção a um idílico por do sol.

E com essa bela imagem de Britney fechamos esta matéria. Agora vão embora? Não! Não se esqueçam de ver os clipes que vocês julgaram mais interessantes. Essa pauta foi sugerida pelo querido colega jornalista Daniel Silveira (obrigado, Dan!) — tem alguma sugestão de pauta para a gente? Algo que você acha que deveríamos falar sobre? Escreve aí nos comentários!